E o tempo,
esse velho artista invisível,
pinta camadas de beleza
sobre tudo que eu não percebi na hora.
Não houve aplausos.
Só a pia cheia de louça,
um suspiro solto no corredor,
e a paz sutil de estar inteira,
mesmo sem saber o porquê.
Amanhã começa igual,
mas nunca do mesmo jeito.
Porque quem aprende a ver poesia no simples,
vive cercado de milagres
que não pedem palco —
só presença.