Poemas · abril 20, 2025

Floresço devagar

Me perco na bagunça boa do verde.
Terra na unha, tempo que escorre,
e o silêncio que fala.

Nada parece no lugar,
mas tudo floresce.
No caos das plantas,
eu me organizo por dentro.

Mexo na terra como quem cuida da alma.
Tiro folhas secas,
replanto sonhos,
converso com cada broto
como quem reencontra velhos amigos.

Enquanto elas respiram,
eu também respiro.
E no fim do dia,
quem floresce sou eu.

Falei pouco,
mas ouvi tudo.
As plantas me disseram:
“a vida cresce devagar.”

Então dedico meu tempo ao que cresce
em silêncio, com calma.
Troco a correria por raízes
e descubro — com cada folha que brota —
que cuidar do jardim
é, no fundo,
um jeito bonito de cuidar de mim.